A criança na Missão de Deus por Jan Greenwood

Apenas três versos nos falam de uma menina – a empregada da esposa de Naamã (2 Rs 5.1-3). Uma menina cujo nome nem sabemos, mas cujo exemplo muito nos ensina. Como não era chamada de jovem, provavelmente deveria ter menos de doze anos; era “apenas” uma criança. Como poderia ser útil à esposa do comandante do exército do rei da Síria? Ela parecia muito próxima à dona da casa, pois conversava com ela. Supomos que se ocupava com o atendimento pessoal da senhora, arrumando sua roupa, escovando seu cabelo, cuidando de suas unhas e mãos. Era próxima o suficiente para perceber a tristeza e preocupação daquela mulher com a terrível doença do marido. Como teria sido para a nossa garotinha ser violentamente arrancada de sua casa e de sua terra, e arrastada para um país estrangeiro? Como teria sido para uma menina de uns 9 anos de repente ficar longe dos pais? Ou, quem sabe, guardando no coração a dor dos gritos deles quando foram mortos pelos invasores? Será que ela guardava rancor, mágoa, desejo de vingança? Tudo indica que não. Com a simples frase “Se o meu senhor procurasse o profeta que está em Sumária, ele o curaria da lepra”, ela mostra um coração puro, incrivelmente vazio de amargura, hostilidade ou ódio. Também nos surpreende o ‘insight’ desta menina, seu discernimento em perceber a tristeza da senhora e a crença pessoal de que um profeta de Israel poderia ajudar. Ela mostra uma confiança absoluta em Deus. Mesmo numa cultura adversa, onde a religião falava de outros deuses, e nada do único e verdadeiro Deus, ela guardava no coração tudo o que tinha aprendido sobre o Senhor da aliança. A nossa menina não estudou em seminário nem fez curso de missões, mas aqui está fazendo missões! Ela serve a uma senhora, mas acima de tudo ao Rei dos reis, cumprindo o propósito que sempre foi explícito para o seu povo – de fazer o nome de Deus conhecido por todos os povos. Desta história podemos tirar algumas lições: 1) Devemos aprender com as crianças: “A criança pode nos ajudar a resgatar e preservar virtudes dadas por Deus, que ainda estão presentes nelas, como a capacidade do perdão, o amor sincero, a amizade fácil, a espontaneidade, a dependência e a humildade”.1 2) As crianças têm lugar na missão de Deus: “Na história das missões, outras visões moldaram, de forma inconsciente, a vida e a proclamação do reino de Deus. De certo modo, poder e status foram mais valorizados do que o dom do amor e do servir”.2 O que esta história nos mostra é exatamente isso – na missão o amar e o servir levam à salvação. 3) É importante ensinar as crianças sobre Deus, instruí-las em suas leis, ajudando-as a entender o seu amor não somente por suas famílias, mas por todas as famílias da Terra. 4) Não devemos desprezar a capacidade das crianças de poderem levar outros a fé e salvação. Devemos dar-lhes oportunidade para falarem, testemunharem e até pregarem. Por isso devemos orar por e com elas, reconhecendo o seu papel no reino dos céus. Deus já fez um compromisso de ensinar as crianças: “todos me conhecerão, desde o menor até o maior” (Jr 31.33-34). E nós? Seremos seus cooperadores?


 

 1 FASSONI; DIAS; PEREIRA. Uma criança os guiará. Viçosa: Ultimato, 2010. p. 17. 2 WHITE, Keith. Xxxxx 2010.

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